27 de julho de 2013

Inquisições teológicas "Briga de Galos"

Quando leio determinados textos em blogs que se definem como “apologéticos”, onde adeptos de uma linha teológica se dedicam a atacar quem não concorda com eles, sempre me vem à cabeça, um texto de Rubem Alves, do qual posto um trecho abaixo:
Há teólogos que se parecem com o galo. Acham que, se não cantarem direito, o sol não nasce: como se Deus fosse afetado por suas palavras. E até estabelecem inquisições para perseguir galos de canto diferente e condenam outros a fechar o bico, sob pena de excomunhões. Claro que fazem isto por se levarem muito a sério e por pensarem que Deus muda de ideia ou muda de ser ao sabor das coisas que nós pensamos e dizemos. O que é, para mim, a manifestação máxima de loucura, delírio maníaco levado ao extremo, este de atribuir onipotência às palavras que dizemos.
Para colocar esses galos nos seus devidos lugares, Rubem Alves completa:
O sol nasce sempre, do mesmo jeito, com galo ou sem galo. Assim, o galo pode dormir à noite, sem a angústia de ter de acordar na hora certa. Se dormir demais, o sol vai se levantar do mesmo jeito. O que, sem dúvida, diminui seu senso de importância, mas tem a compensação do sono tranqüilo, o que não é de se desprezar.
Eu não suportaria pensar que o meu pensamento é tão poderoso que, caso eu pense errado, Deus vai ficar torto.
É isso. Deus não entorta nem desentorta por causa do pensamento nem da teologia, vai continuar sendo Deus. E ninguém vai parar no inferno pelo delito de, do alto da sua humanidade e limitações com ela condizentes, entender Deus apenas em parte. Apenas a religião tem necessidade de formatar o pensamento e as opiniões das pessoas , Deus não precisa disso.
Teologia é construção humana, e como tal, obviamente, é também pessoal. Pessoas diferentes, com níveis intelectuais diferentes, idades diferentes, formação diferente, origem diferente, preconceitos diferentes, experiências diferentes e etc, podem interpretar uma mesma frase a respeito de Deus, de várias formas diferentes. Deus é absoluto mas nós, humanos, somos todos relativos. A dificuldade em aceitar as relatividades do pensamento humano, como coisas absolutamente naturais, inclusive quando se trata de Deus, gera brigas vergonhosas entre os cristãos. Deus quer corações, quer pessoas sinceras que O busquem, e nem sempre a posse ou crença na mais perfeita ortodoxia, calvinista dos cinco pontos, implica em estar buscando Deus em espírito, verdade, de todo o coração, alma, entendimento.
Querer fazer com que todos pensem igual, concordem com você em tudo, dancem do mesmo jeito, toquem a mesma música no mesmo tom, também é uma forma de escravidão, um tipo de neurose. O zelo pela “sã doutrina”, muitas vezes não passa de necessidade de ter controle sobre as pessoas, ou medo de perder o controle que já exerce sobre elas, e isso em alguns casos, atinge níveis de doença, de patologia. Necessidade de uniformizar o que devia ser estritamente pessoal, porque assim, é mais fácil de manter as estruturas e instituições. Qualquer sistema político ou militar ou seja lá de qual ideologia for, sabe disso, inclusive os sistemas religiosos. Manter um discurso igual, é essencial para a coesão de qualquer grupo ideológico. Mas, ironicamente, o acesso de todos à bíblia, que os reformadores garantiram aos cristãos, fez com que essa “coisa” que chamamos cristianismo, cada vez fosse se pulverizando mais, porque não existe leitura livre da bíblia, sem a correspondente livre interpretação. E livre interpretação, tanto para o bem quanto para o mal. Tanto para distribuir o perdão e amor de Deus às pessoas, e incentivá-las ao amor ao próximo, quanto para tirar dinheiro delas de forma inescrupulosa e ensiná-las a barganhar com Deus. Tanto para falar de um Reino que é justiça e paz e que se constrói pelo amor e não pela força ou poder, quanto para legitimar guerra, imperialismo, pena de morte e escravidão.
A única consciência que você deve controlar, é a sua própria, a dos outros, você pode no máximo, influenciar. O que passar disso, qualquer tentativa de exercer controle sobre a consciência ou o pensamento alheios, já é violação da liberdade do outro, liberdade de pensar como quiser, e escolher entre encher pregadores da prosperidade de dinheiro, ou imitar Jesus. Escolher entre um Deus que é Pai, ou escolher um Deus carrasco. Escolher se relacionar com Deus porque Ele amou você primeiro, ou por coação, medo do inferno ou simplesmente esperando receber algum benefício material em troca, ou a herança do Pai rico, que na verdade você não ama e só quer a prosperidade que prometeu te dar… vai de cada um.
Eu, da minha parte, durmo tranquila como o galo do Rubem Alves, porque se essa noite o meu cérebro torto sonhar que Deus não é Deus, mas sim o Monstro Espaguete Voador com almôndegas, Deus não vai amanhecer embebido em molho bolonhesa, e exigindo sacrifícios em forma de queijo parmesão ralado.




Nada de Novo sobre o Sol

O deus imaginário e o Deus de Jesus

Uma coisa deve ser dita: Fica proibido confundir Deus com sua representação. Dito isto podemos analisar as fontes do deus-imaginário.
Chamo de deus-imaginário o produto subseqüente da consciência infantil que pensa de certo modo que tudo é ela e ela é tudo. E essa aspiração à totalidade permanece como uma estrutura básica do ser humano, e o desejo religioso de um Todo Transcendente não escapa a esse movimento.
Os primeiros símbolos para a criança desse desejo são os pais, e o deus-imaginário adquire forma e configuração a partir deles. É no pai, segundo as análises freudianas que a criança projeta a onipotência, aquela que no princípio estava atribuída a ela mesma. O pai aparece, então, como a própria realização da onisciência, da onipotência e da onibenevolência. Porém com essa imagem perdida, o deus-imaginário, por meio da figura perdida do pai, toma nome, forma e figura.
O Deus de Jesus ao contrário do deus-imaginário nos convida para o enfrentamento da realidade. Ele não é um aliado dos nossos próprios desejos e interesses, e nem escamoteia as dificuldades e complexidades da vida humana. O Deus que se manifesta em Jesus não é certamente o que desejamos.
O deus-imaginário é um deus mágico que serve para levar o indivíduo a superar de maneira mágica a dureza da vida. É um deus explica - tudo possuindo uma resposta para cada problema ou incógnita da existência. É um deus das ameaças e castigos, principalmente na área da sexualidade. É um deus que enfim nega toda experiência real de dor e entre elas a própria morte.
O Deus de Jesus é aquele que nos remete de volta à realidade com toda a dureza que esta possui, e não nos solucionam os problemas, mas nos dinamiza para que trabalhemos na tentativa da solução. Ele não está para explicar o sofrimento, mas para nos conduzir a fé, reduzindo todo tipo de ambivalência. Ele nos faz perceber que a vida humana é uma maravilha mesmo quando surpreendida pela dor, pela pergunta sem resposta e pela própria morte.
O deus-imaginário é visto como onipotente, mas o Deus de Jesus é nos apresentado como um Ser enfraquecido pelo amor, podendo ser rejeitado. Esse Deus não cabia na mente do judeu que esperava sinais e nem de gregos que esperavam saberes absolutos, um Deus revelado no crucificado era escândalo e loucura.
O Deus de Jesus nada faz para ser amado ou adorado, temido ou reverenciado. Sua ação em favor dos homens não é uma expressão de seu poder, mas de seu amor gratuito. Sim! O Deus de Jesus é um Deus de amor, que não anula as diferenças e nem nos retira dos conflitos da realidade, antes é um amor que pelo exemplo nos estimula a decisão pela fraqueza. Amor que se põe do lado do fraco, oprimido e marginalizado, se opondo a todo sistema de opressão, ódio e marginalização.
O Deus de Jesus não é um poder absoluto que se impõe sobre os homens, mas primordialmente um Ser relacional que uma vez crido e experimentado pelos homens nos conduzirá ao fim do mundo que é o começo do Reino.
Ivo Fernandes

14 de dezembro de 2012

O Tédio e o pau de ferro


Morro de tédio de gente que segue à risca as convenções sociais. Que se casa porque está velho demais pra ser solteiro (ham???), que engravida porque está “na hora” de ter um filho, que não se separa nem depois que o casamento acaba. Sabe qual o resultado disso? Outras pessoas (que espertamente não caíram nessas convenções sociais) ganham rios de dinheiro vendendo livros e cursos de “como apimentar sua relação”. A maioria, claro, ensina mulheres a dançar num pau de ferro no meio da sala ou fazer strip-tease com cinta-liga vermelha. De verdade?! Acho pouco provável que isso vá apimentar alguma coisa depois que o relacionamento foi pro ralo. Fora dizer que é um tanto quanto clichê.

Por que ninguém monta um curso para homens de “como apimentar sua vida amorosa ouvindo o que sua mulher tem pra dizer”? Ou “como segurar seu casamento dizendo a verdade”? Ou “como não cantar sua vizinha no elevador se você já tem um relacionamento”? Ou ainda “Como se divorciar dignamente sem pular a cerca”? Sabe por que? Por que isso são valores. Sua postura diante da vida e dos fatos que te cercam. E valores não são ensinados em livros, muito menos em cursos.

Até entendo que, depois de anos de relacionamento com a mesma pessoa, qualquer mulher que não seja a sua se torne candidata à mais interessante da vez. A vizinha gostosa só é vista no elevador toda linda saindo pra balada. A colega de trabalho tem sempre um assunto que te interessa e nunca vai parecer fútil. As amigas são sempre bem humoradas, não têm ciúme, não pegam no seu pé e ainda têm o maior prazer em te apresentar as amigas gatas. Olhando por essa perspectiva, qualquer namorada parece uma bruxa mesmo. Difícil de competir.

Manter um relacionamento por longos anos requer um certo jogo de cintura (e não estou falando da dança do pau de ferro, nem da cinta-liga). É um exercício diário de tolerância. Respeito. Admiração. Confiança. Companheirismo. Cumplicidade. Pensa que acabou? Ainda nem citei: o amor, a amizade, o carinho e outros tantos alicerces de um relacionamento que ainda não encontramos em livro ou curso de final de semana. Não é simples. Não tem um manual ou um curso rápido itinerante (daqueles que a “mestra” viaja pelas cidades ministrando palestras pra “salvar” casamentos). E não se trata apenas de manter o cidadão interessado no seu corpo. Esse cidadão inevitavelmente vai olhar pra vizinha, mais cedo ou mais tarde, achando ela mais interessante que a mulher que ele tem. A princípio, nada de errado em achar a vizinha gostosa. O grande lance é: o que ele vai fazer com isso? Ele pode cantar a cidadã. Pode pegar o telefone dela. Pode trocar MSN e manter conversas durante o trabalho. Pode dizer que é solteiro. Pode uma série de coisas. Isso não tem a ver com lingerie ou curso de sedução. Tem a ver com valores. Com a índole do cidadão. Com berço. Com as coisas nas quais ele acredita. Assustada? Jura mesmo que nunca tinha pensado nisso? Sinto informar, mas o curso de sedução é válido pra uma noite caliente, não pra uma vida. Pra viver junto e manter um relacionamento sólido é preciso muito mais do que uma lingerie nova. É preciso que ambos tenham valores e princípios muito claros. É preciso que os dois estejam juntos por essa série de sentimentos e não apenas por uma convenção social. É preciso aprender que a grama do vizinho uma hora vai parecer mais verde sim. Mas que existem diversas formas de se lidar com uma situação. E é isso que vai fazer toda diferença no final.

Por: Brena Braz

26 de outubro de 2012

Que me Venha a Tristeza Então!



A tristeza é melhor do que o riso, porque o rosto triste melhora o coração”. Ec. 7:3.

Nós vivemos na sociedade da fuga. Foge-se de tudo e, não raro, de todos. As pessoas fogem da realidade, vivem entorpecidas por psicotrópicos, não suportam o mundo como ele se apresenta. Em recente reportagem da Folha de São Paulo, constatou-se que o ansiolítico Rivotril vende mais no Brasil do que Paracetamol e Hipoglós.

Pessoas em fuga... Elas fogem de situações difíceis, inventam uma “mentirinha branca”, aquela que não trás prejuízos... Foge-se do gerente do banco, pois a conta está estourada, foge-se do síndico do prédio, pois o condomínio está atrasado, foge-se do cliente, pois a entrega está fora do prazo acordado, foge-se dos filhos, pois eles demandam tempo, e tempo é algo que nós não temos...

Há os que fogem do confronto, são eternas crianças, tem medo da palavra mais firme, do olho-no-olho, da verdade nua e crua. Evitam a todo custo uma conversa sincera, por isso, criam desculpas esfarrapadas, marcam e não comparecem, prometem e não cumprem, têm medo do enfrentamento porque sabem que agiram erradamente, preferem o jogo de esconde-esconde, arrastam a situação por anos, se possível for. Já afirmava Charles Ferdinand Ramuz "Não basta fugir, é necessário fugir-se para o lado mais conveniente."

Há os que fogem de si mesmos... Tentam esconder o ser do próprio ser, enterram seus sentimentos nos escaninhos da alma, aprisionam suas consciências em masmorras de dor e solidão. Essa é, talvez, a pior das fugas! Friedrich Hebbel afirmou: "A vida da maioria das criaturas humanas é uma fuga para fora de si próprias.". Que agonia é existir apenas para fora, no simulacro, no disfarce, no embuste, é a existência performática, é a vida caricaturada, ou como disse Kierkegaard, “o grande baile de máscaras”. 

Tenho visto algo alarmante: pessoas fugindo de qualquer tipo de situação incômoda ou de desprazer. É a existência idealizada sobre a égide do hedonismo epicureu, é a busca pelo prazer, pela alegria e felicidade, tudo o mais deve ser evitado. Hospitais, funerais, doentes terminais, estações outonais, as pessoas não querem nada que as remeta as dinâmicas pertencentes à existência: a dor, a perda, o sofrimento, a solidão, a angústia, o medo. E haja Rivotril!   

Quero chamá-lo a realidade da vida! O sábio do Eclesiastes afirma que é melhor o enfrentamento com a tristeza do que a fuga dela. É a tristeza, e não o riso, que produz um ser mais “robusto”, uma espiritualidade sustentável, uma fé conseqüente. É girando o moinho da dor que as pessoas se transformam em gente, aprendem a solidarizar-se, a perceber o outro, tornam-se generosas, humildes, contritas e mansas. Somos todos seres singulares, mas bem poetizou o Frejat na sua canção “todo mundo é parecido quando sente dor”.

Não fuja da tristeza, ela pode lhe ser de grande valia na vida! É por isso que o apóstolo Paulo dizia que “regozijava-se nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições e angústias”, pois sabia que estes matizes da vida eram capazes de transformar suas fragilidades em fortalezas.   Nas Escrituras, está bem claro que Deus usa o mal para testar os seus servos (Jó; 1 Pe 1.7; Tg 1.3), para discipliná-los (Hb 1.7-11), para preservar suas vidas (Gn 50.20), para ensiná-los paciência e perseverança (Tg 1.3-4), para redirecionar suas atenções ao que é mais importante (Sl 37), para capacitá-los a confortar outros (2 Co 1.3-7), para capacitá-los a trazer testemunho poderoso da verdade (At 7), para dá-los maior alegria quando o sofrimento é substituído pela glória (1 Pe 4.13), para julgar o ímpio, tanto na história (Dt 28.15-68) quanto na vida porvir (Mt 27.41-46), para trazer recompensa a crentes perseguidos (Mt 5.10-12), e para demonstrar a obra de Deus (Jo 9.3; cf. Ex 9.16; Rm 9.17)
  
Não tenho dúvidas de que Deus se utilizará mais da tristeza do que da alegria para forjar em nós um ser melhor, pois este é o convite para os que desejam caminhar no caminho: “tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus. Hb. 12:2.   Vide também a vida de José e de jó, Quando todos acharam que eles estavam sendo castigados, falidos, eles estavam sendo promovidos. A lógica de Deus constrange a lucidez humana. O amor às vezes tira o que você mais quer pra te devolver a vida (Pv 3:11-12). Uma crise com Cristo é na verdade um "Upgrade"!

Que me venha, então, a tristeza, pois eu sei, conforme o salmista, que os que “semeiam com lágrimas, com alegria ceifarão”. Quem na vida sai andando e chorando enquanto semeia, quem entendeu que lágrimas são sementes que germinam a felicidade, e que a terra regada com o sofrimento é capaz de produzir frutos de justiça, jamais deixará que qualquer tipo de dor passe em sua vida sem que ela produza paz e bem para o ser.

 
  


2 de setembro de 2011

Ser bonzinho

Quando Jesus estava em uma de suas caminhadas foi abordado por um rapaz que ajoelhou-se e o chamou  de bom mestre, fez a pergunta fatídica e bem caxias sobre a vida eterna, e não poupou gestos nem palavras,  fez tudo tão certinho, que eu, no lugar de Jesus, teria dado nota 10 para ele no quesito performance santa.Veja lá no livro escrito por João Marcos 10:17,18.

Contudo, o elogio e a porta do céu aberta não aconteceram. Jesus o admoestou, o repreendeu, "pegou no pé" como diríamos mais informalmente.

Jesus queria saber o por que de chamá-lo de bom.

Em minhas divagações, pensei que esta abordagem de Jesus foi no ponto nevrálgico da essência daquele ser. Eu vejo Jesus fazendo isto o tempo todo nos evangelhos, e Ele com certeza faz nas minhas longas caminhadas na roda do hamister existencial. Estas abordagens "tapa na cara"  são minha cura.

Jesus mostra que Deus não é manipulado por projeção de homem (projeção conceito psicanalítico que, resumindo mal e porcamente, diz que jogamos para cima do outro o que na verdade só faz sentido para nós).

O rapaz pensou assim: Vejamos, eu sou todo certinho, todo limpinho, todo cumpridor de meus deveres religiosos, eu sou bom!Quiça o Bom! Claro que este Rabi irá me considerar dessa forma e estaremos no mesmo clubinho, na mesma facção, na mesma casta santa. Oh gloria!

A questão é que, com Deus a regra se subverte, e em inumeras vezes que tentamos ser muito bons ou bonzinhos estamos fazendo o esquema da "justiça própria" , da busca pela santidade através do  ascetismo rigoroso. Viramos mini fariseus tentando cumprir o impossível, jogando o sacrifício no lixo, com a maior da boa intensão, claro.

 Jesus diz ao rapaz: Só Deus é bom, meu filhinho se liga, não vai rolar! O que você considera bom é trapinho.

Mano, não dá para ser bonzinho 24 hs por dia, não se engane. A pior mentira é aquela que contamos para nós mesmos. Uma hora nosso lado B será revelado, ele vem a tona fatalmente, e quem dera Jesus diga para você e para mim, "Queridão, seu negocio é grana (entenda aqui qualquer tipo apego, como por exemplo religião, regras vazias de sentido, hedonismos e por ai vai) , seu coração não está comigo, sua boca fala de devoção mas seu coração quer outra coisa."

Ele jogará luz em nossa vingança dissimulada, em nossa raiva camuflada de boas ações aos inimigos, em nossa  agressividade passiva, em nossa manipulação venenosa, em nosso jeitinho todo bondoso que abaixa a guarda do outro de forma que o ataquemos com mais assertividade, em nosso ensimesmamento umbigal que nos faz considerar que somos o centro da terra, enfim Ele nos mostra quem realmente somos, então teremos a convicção que nada podemos fazer e que devemos apenas nos submeter e se entregar sem condicionamentos religiosos, a aquele que é realmente Bom.

Faz algum sentido para você?



Porque A medida que crescemos tende a crescer em nos a necessidade de aprovação. Desnecessário descrever aqui o que precisamos fazer desde uma tenra idade para que sejamos socialmente bunitinhoscoisalindadamãe.
Temos que nos enquadrar, nos encaixar e nos alinhar a padrões, é fato inexorável para humanos e primatas. Sim os amiguinhos da selva, e dos zoológicos, com os quais compartilhamos mais de 90% do genoma, também se esforçam para serem queridinhos.
Ser bonzinho facilita em muito esta empreitada egoíca.
Em algum momento da vida escolhemos uma expressão de  religiosidade ou somos escolhidos pela força de uma. Mesmo o ateu se expressa a respeito.
O estilo bonzinho  pode então se tornar uma doença do ser.
A doença do fariseu, a doença do religioso de qualquer vertente que decide tomar pela mãos as rédeas do ser e estar no mundo.
A recompensa imediata para o bonzinho é o ambiente acolhedor livre de animosidades, sem resistências e repleto de adulações. É praticamente a volta para útero materno!!
Esta ambiência mantém o bonzinho sentado em berço esplêndido, na inercia, contemplando e avaliando como é gostosinho não ser confrontado em nenhum momento crucial da vida. Oh Glória!
Nicodemos era bom, vamos combinar. Leia lá em João, filho do trovão cap 3.
Como todo bonzinho, ele não tinha peito para encarar uma briga, portanto foi procurar furtivamente o famoso Jesus, a noite.
Eu imagino Nicodemos disfarçado com aquela mascara de óculos, nariz grande e bigode falso.
Ele era mestre da lei, figura respeitada, generoso, popular, membro do Sinédrio o que já lhe conferia  a alcunha de bonzão. Tinha conhecimento, tinha boas obras, boas intenções mas tudo isso não bastava!
E isto não digo eu, até porque calada já estou errada. É vaticínio de Jesus!
Nascer de novo é necessário e pouco podemos fazer  durante o processo.  Jogar-se no colo do Pai, feito criancinha nua, indefesa que não tem para onde ir, é o enredo. Nasce em nós como em Maria a eternidade de Paz. A desconstrução egoíca acontece, aniquila-se os maneirismos e toda e qualquer barganha com Deus e com os homens deixa de fazer sentido.
Com certeza este é o ápice do existência humana, nenhum primata tem este privilégio. Podemos colocar no macaco um paletó ou saia até o chão e treiná-lo para que nunca  mais tome vinho ou fume um caximbo, podemos ensiná-lo a ter jeito de religioso e fazer um carteirnha de membro com foto e tudo, porém jamais ele renascerá.

Entende tu o que Ele diz?


Ficar indefeso dói, contudo ser moldado pelo Oleiro  é algo que nos faz renascer e isto vale para todos, sejam evangélicos, protestantes, católicos, budistas, ateus, atoas e aos etc.


Vale para mim, garanto.





Por: Adriana em : A razão da Esperança !               A razão da esperança

19 de setembro de 2010

Ouvistes o que foi dito



Ouvistes o que foi dito: “irás ao culto às quartas, sábados e domingos”, eu porém vos digo: faça de sua vida um culto a Deus, que sua rotina seja cheia de gentilezas, que sua boca pronuncie sempre a verdade doa a quem doer, que seus olhos olhem a vida com justiça e não vejam só as aparências, que seus pés pisem em todos os lugares abençoando a todos os ambientes dissipando as trevas por onde andares, que a graça em você vaze a ponto de expurgar espíritos de contendas e disputas vãs, de maledicências e de invejas, que sua palavra se alinhe a vontade de Deus para temperar a vida em volta de ti.

Ouvistes o que foi dito: “os crentes são filhos de Deus, os descrentes são filhos do diabo”, eu porém vos digo: não vos orgulheis por aquilo que de graça lhes foi dado, abençoai a todos, não sereis orgulhosos da posição de bem aventurança recebida de graça, nem lançareis ninguém no inferno, mas orai para que todos os que ainda não alcançaram estado de filhos, sejam agraciados com novo espírito dando-lhes vida para que vejam e ouvidos para que ouçam o que o Espírito diz a TODOS no mundo inteiro.

Ouvistes o que foi dito: “precisamos ir no monte orar, precisamos de jejum e oração”, eu porém vos digo: Deus é Espírito e importa que Seus adoradores o adorem em espírito e em verdade, seja no monte, seja no fundo do mar, seja no ventre do grande peixe, seja no mais profundo abismo ou na geografia que for. O jejum que o Pai aceita é aquele da inanição da iniqüidade, da ausência do mau, da desistência do orgulho por nossas boas obras, das muitas justificativas vãs que damos em nossas orações que transformam Deus num idiota cósmico e tenta ludibriá-Lo para fazer a nossa vontade assim na Terra como nos Céus.

Ouvistes o que foi dito: “está escrito na Palavra de Deus”, eu porém vos digo: não façais das Palavras de meu Pai poesia vã, tola e impraticável, mas vive-a sabendo que a pouca obediência a Sua Palavra é mais importante que o muito conhecimento que despreza Sua revelação a tratando como romance, como novela, como ficção ou como sonho de tolos.

Ouviste o que foi dito: “vamos ter Santa Ceia domingo, preciso ficar atento esta semana”, eu porém vos digo: viva de modo a se auto-examinar diariamente, corrigindo sua vida interior, seus pensamentos, seus desejos, mude seus paradigmas se alinhando dia a dia a vontade de Deus revelada na Palavra.

Ouviste o que foi dito: “não acusarás, ou julgarás, ou se levantará contra o ungido do Senhor”, eu porém vos digo: se o sujeito, pastor, bispo, apóstolo ou arcanjo, não se alinhar a Palavra revelada, seja anátema! Se não houver bondade, graça e misericórdia em suas palavras, seja anátema! Se falar em nome de Deus e viver em nome dos bens, seja anátema!

Usai de misericórdia para com todos, levai as cargas uns dos outros, não vos priveis do amor, da bondade, da ajuda, do socorro, da solidariedade, das orações, da comunhão constante, da humildade, da edificação mútua, da paz, da esperança...

Sabei que o mesmo Deus que te mantém vivo é aquele que mantém a TODOS igualmente com vida, não faz acepção de pessoas e não separa grupos em pessoas dEle e do diabo, visto que o diabo nada tem e que tudo e todos são dEle.

Glória a Deus!

17 de setembro de 2010

Aos crentes mágicos...



Uma das coisas que sempre me impressionaram na natureza humana é a nossa capacidade de criar qualquer realidade que desejemos; e, a seguir, projetá-la em alguém, em alguma coisa, em algum lugar ou individuo; ou ainda sobre uma instituição, seja ela de qual natureza for... — para, então, entregarmo-nos à fantasia... como se aquilo fosse a coisa mais real e genuína possível; até que depois de um tempo..., ao verificar que espinheiros não dão uva, saímos chorando, chocados, lamuriando contra Deus e a existência, sentido-nos enganados; e tudo porque espinheiros dão espinhos e videiras dão uva, embora nós tenhamos teimado em plantar uma natureza e esperando ceifar a outra...
Assim, relembrando que espinheiros não dão uvas, digo:
Toda mentira adoece o mentiroso, e inicia nele uma doença na mente; a doença da fantasia armada e destrutiva; além de que faz dele um ser mau caráter, pois, toda falsificação da realidade é a própria criação do diabo no interior do inventor, do mentiroso...
Não existe boa traição. Toda traição é traição, ainda que seja do policial ao bandido; e a sua conseqüência é que todo traidor fica pior do que qualquer traído, por pior que ele seja; e mais: quanto melhor for o traído, pior ficará o traidor...
Não existe pai e mãe que mereçam ser desonrados. Quem desonra pai e mãe deflagra o mecanismo de autodestruição no ser... Por isto ele não será longevo na alma...
Não existe o lúcido adorador de ídolos... Quem adora a um ídolo fica sempre menor do que ele, até que nele se dissolva...
Ninguém cuja profissão existencial seja perseguir acabará a vida doce...
Quem dissimula com habilidade se torna o diabo de si mesmo para sempre...
Quem dá falso testemunho cria para si mesmo aquilo que falsamente testemunhou...
Todo aquele que julga e decide o destino de alguém, cria para si mesmo o padrão pelo qual Deus o julgará...
Quem entrega os tesouros de sua alma a alguém que não seja confiável, será devorado pelo suíno que receber tais preciosidades como dádivas de um insensato...
Quem não serve copos de água ao sedento jamais beberá da fonte da água da vida...
Quem nada dá a ninguém, esse nunca terá o que seja Graça de Deus...
Quem ama a morte é filho do inferno...
Quem odeia é sócio do diabo na destruição da vida; e com ele compartilhará o mesmo destino...
Quem trama o mal ficará louco e paranóico, e morrerá de suas próprias armadilhas...
Todo aquele que inveja se torna o mais feio dos homens...
O arrogante é o coveiro de sua própria sepultura...
O sedutor vira lesma gosmenta na alma... E ele mesmo morrerá sem se suportar...
Todo aquele que vive para esconder um dia não mais saberá o caminho de volta de seu próprio labirinto de enganos e ocultamentos...
Assim é a vida...
E não há oração, unção, mágica ou poder algum que possam mudar a natureza de tais coisas!
Bem-aventurado o que crê na verdade da realidade e na realidade da verdade!
O que passar disso..., é tentativa de fazer mágica na existência!...
Nele, que nunca nos mandou praticar mágica, pois Ele não acredita em mágica.



* "E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra."

(2 Crônicas 7:14)

As coisas fantásticas, são as mais simples.



PARA QUEM GOSTA DO QUE É SIMPLES!

Não se preocupe com Deus. Ele cuida de Si mesmo. Ele se defende. Ele é maior de idade.
Não se angustie por Deus. Ele não se transtorna e nem se abala.
Não defenda Deus. Se Ele não defender a Si mesmo, por que haverá você de fazê-lo? Você tem melhores argumentos?
Não se aflija em fazer Deus compreensível. Isto não é possível. Ele revela a Si mesmo ou nada é discernido.
Fale de Deus como Ele fala de Si mesmo.
Fale de Jesus como Jesus falou de Si mesmo.
Fale do Evangelho como ele fala em si mesmo.
Nunca discurse Deus. É obra de artífice de ídolos de linguagem.
Nunca filosofe Deus. É a louca-loucura dos sábios, que é a maior insensatez para Deus.
Nunca doutrine sobre Deus. É melhor oferecer bula de remédio a um doente analfabeto.
Confie sempre na verdade. Ela é invencível.
Confie sempre no amor. Ele é de Deus; pois Deus é amor.
Confie sempre que a paz é a melhor arma e a melhor defesa.
Creia simples e tudo será maravilhoso.
Creia complexo e você jamais terá alegria.
Creia, apenas creia, e tudo passará a ser possível.

Mas, sobretudo, seja sincero com Deus e com você mesmo, pois, sem isso, nada acima é verdade.

Por:  Caio Fabio

12 de setembro de 2010

As doenças de ser que não vemos em nós



Não é porque alguém não defeque nas calças e nem faça xixi nas pernas que seja sadio.
Não é porque uma pessoa não seja violenta e agressiva que por tal razão seja sadia.
Não é porque a pessoa não apresente nenhuma das disfunções psíquicas que ocorrem como transtorno em pessoas diagnosticadas com problemas psíquicos graves que, por tal razão, ela seja mentalmente sadia.

Nossos maiores problemas mentais não são objeto de preocupações psicológicas e psiquiátricas. Sim! Eles decorrem de inseguranças sutis, de abusos leves, de mentiras simples, de implicâncias e antipatias inocentes, de direitos pessoais exacerbados, de intenções de controle e manipulação, de incapacidade de se enxergar, de traumas antigos e esquecidos, mas que deixam suas trilhas como caminho emocional na pessoa, etc.

Desse modo, não havendo cuidado e atenção da pessoa a si mesma, às suas emoções, reações, explosões, iras, irritações, etc. — ela vai ficando cega; e, pela normalidade da conduta social, vai adoecendo na alma sem notar que o mal está instalado e crescendo...

Nessa hora [hora-sempre], além de frequente e diário auto-exame, devemos também, por mais chato e desagradável que nos seja, passarmos a dar atenção ao que os outros que nos amam dizem a nosso respeito; visto que, muitas vezes, o que os outros - íntimos dizem de nós carrega muito daquilo que não vemos e não queremos ver e admitir.

Normalmente tal situação é criada por um de dois extremos na alma:

1. Excesso de segurança sobre os próprios conceitos e justiça-própria.
Ora, uma pessoa tomada de tais certezas de justiça pessoal, em geral se torna incapaz de ver suas próprias idiossincrasias; as quais, em tal caso, são o resultado de tudo o que ‘de bom’ resida em tal justiça pessoal, mas que, não sendo objeto de analise da pessoa, acaba cegando áreas inteiras da auto-percepção da pessoa; sem falar que muita gente, depois de um tempo vivendo assim, desenvolve mais e mais aspectos positivos de sua justiça-própria com a finalidade inconsciente de ter álibi para um monte de outras coisas que a pessoa não quer ver e nem tratar.

2. Grande insegurança acerca de si mesmo.
Se a pessoa cheia de justiça-própria pode cegar-se por falta de auto-percepção gerada pela falsa idéia de justiça pessoal, de outro lado, o inseguro enxerga-se de modo desproporcionalmente negativo, e, assim, desenvolve todas as doenças da insegurança, que podem ir de extremo narcisismo ao oposto dele, que é a pior auto-imagem possível.

Por isto, o mandamento é este:

“Examine-se o homem a sí mesmo...”

Afinal, se no Querubim da Guarda pôde entrar perversidade em meio à Glória, pergunto: Quem fez você crer que, por julgar-se bom e justo, algo do Querubim Exaltado não possa alojar-se sutilmente em você?

Sim! As piores doenças do ser não existem nas tabelas de doenças da alma da ciência.

Nosso chamado, todavia, é para a cura diária e para a auto-análise cotidiana; não nos conformando com os padrões de comportamento adoecido desta geração perversa, e, além disso, aceitando nosso chamado para a renovação da mente, todos os dias; checando a nós mesmos diante do amor de Deus e do padrão de saúde interior determinado pelo mandamento de ser, conforme o amor em Jesus.

No dia em que alguém se julga completamente sadio, nesse dia estará mais doente de alma do que nunca. 

Somente os que existem crendo que precisam não apenas de manutenção espiritual, mas de cura mesmo, é que viverão sendo curados todos os dias.

Aquele, porém, que julga que falta muito pouco a ser curado nele, esse, infelizmente, morrerá sob a presunção da saúde, celebrando conquistas antigas, mas que se perderam no tempo; posto que nenhuma virtude é perene em nós, visto que para cada virtude existe uma não-virtude equivalente ao que em nós seja virtuoso; e, assim, pela falta de auto-analise, o pólo negativo e equivalente de nossa virtude, sutilmente vai se alojando em nós, até que nos tome, enquanto nós julgamos que se trata ainda da virtude original.

Não adianta. Não há bom. Quem não se entrega diariamente ao exame na verdade do Evangelho, esse, mesmo supondo servir a Deus, vai se perdendo sem notar...

É assim que o Querubim da Guarda se torna Lúcifer e só fica sabendo quando já é diabo.

Pense nisso e olhe para você mesmo!

Nele, que nos chama à Luz todos os dias,

Fonte:

5 de setembro de 2010

Não precisamos de nova reforma, precisamos de um simples retorno


Por Alan Capriles

Muito se tem falado da necessidade de uma nova reforma na Igreja, a exemplo da reforma protestante, ocorrida no século XVI. Parece haver cada vez mais artigos e comentários na internet acerca do assunto, o que corrobora para o fato de que existe mesmo algo de errado.

Um dos mais renomados pregadores declarou recentemente: “tenho chegado a uma conclusão inequívoca, séria, preocupante: a igreja evangélica brasileira precisa passar por uma nova reforma.” A declaração deste homem de Deus reflete o pensamento de muitos crentes que anseiam por levar a sério nossa fé em Cristo. Mas estou certo de que o termo “nova reforma” não é o mais adequado para o que estamos buscando.

O problema de se alardear acerca da necessidade de uma “nova reforma” é a idéia errada que se pode ter disso. Quando se fala em reforma, pensamos em Lutero e suas 95 teses. Logo, ao se falar em “nova reforma”, não faltam candidatos a serem “novos Luteros” e a escreverem “novas teses”. A internet está cheia disso. Mas, definitivamente, não é este o caso! Não precisamos de novos Luteros e nem sequer de novas teses.

Após muito pesquisar e meditar no assunto, estou convencido de que nós, evangélicos, não precisamos de uma nova reforma; nós precisamos é de um retorno. Um simples retorno aos cinco pilares da reforma ocorrida meio século atrás. Isto porque os desvios da igreja evangélica de hoje são semelhantes aos desvios da igreja católica na época de Martinho Lutero. Um simples retorno às bases da reforma protestante, já resolveriam grande parte do problema, senão todo o problema.

Longe de ser um retrocesso, precisamos lembrar que os princípios fundamentais da reforma, que são chamados de “cinco solas”, são essenciais para uma prática cristã genuína. O retorno a estas bases já seria suficiente para que os evangélicos retornem ao padrão bíblico de Igreja. Se não, vejamos:

SOLA SCRIPTURA

O primeiro “sola” reafirma a Escritura como inerrante e única fonte de revelação divina escrita. A Bíblia ensina tudo quanto é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.

Ao retornar para o “só a Escritura”, negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale contrariando o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de nova revelação.

Retornando ao “só a Escritura”, seriam solucionados os seguintes problemas na Igreja:

• A Igreja será menos influenciada pela cultura: Técnicas terapêuticas, estratégias de marketing, e o ritmo do mundo de entretenimento muitas vezes têm mais influência naquilo que a igreja quer, em como funciona, e no que oferece, do que a própria Palavra de Deus.

• A Igreja deixará de ser guiada pelo homem: Sonhos, visões, revelações e novas profecias, estranhas e fora das Escrituras, têm substituído a Bíblia em muitos púlpitos chamados evangélicos. Nós vemos evangélicos correndo atrás de verdadeiros gurus espirituais, pessoas que não examinam mais as Escrituras, pessoas que mal conhecem a Palavra de Deus.

• A Igreja deixará de ser pragmática: O pragmatismo é o conceito que só busca resultados: “o que dá certo, sem se preocupar com o que é certo”. Atualmente, igrejas importam modelos de crescimento numérico, que deram certo em outras igrejas, sem passá-los pelo crivo das Escrituras.

SOLUS CHRISTUS

O “Somente Cristo” reafirma que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória de Jesus Cristo. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai.

Ao retornar para o “somente Cristo”, negamos que o verdadeiro evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé nele não estiver sendo incitada.

Este retorno à centralidade de Cristo solucionaria os seguintes problemas:

• A pregação voltará a ser cristocêntrica: Muitas pregações da atualidade não passam de palestras de motivação recheadas de versículos escolhidos por conveniência. São mensagens temáticas, centralizadas no ser humano, na grandeza do homem, na importância do homem, para satisfazer ao homem.

• Acabam os “semi-deuses”: Uma vez que Cristo é suficiente para nosso relacionamento com Deus, acaba o conceito errôneo que leva um crente a depender de um líder para receber orientação, proteção e bênçãos. Em algumas igrejas existe uma pirâmide hierárquica, que aprisiona os crentes, ao mesmo tempo em que privilegia os líderes que estão no topo.

• Acabam os mediadores: Sendo lembrado que Cristo é nosso único mediador, a velha prática romana de confessar os pecados ao homem não ameaçará mais nossa doutrina. Algumas igrejas evangélicas estão voltando a esta prática medieval, que já havia sido abolida.

SOLA GRATIA

O terceiro “sola” reafirma que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual para a vida espiritual.

Ao retornar para o “somente a graça” estamos negando que a salvação seja produzida por métodos, técnicas ou estratégias humanas. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.

Este retorno à verdade da graça de Deus solucionaria os seguintes problemas:

• Acabaria com os sacrifícios em troca de bênçãos: Estamos vivendo um período em que algumas igrejas chamadas evangélicas estão desenterrando as indulgências da idade média. Pessoas querem comprar as bênçãos de Deus com dinheiro, rejeitando sua graça, seu favor imerecido.

• Acabaria com o comércio da fé: Há líderes hoje que fazem do púlpito um balcão, do evangelho um produto, da igreja uma empresa e dos crentes consumidores. Há igrejas que mais parecem empresas, cuja finalidade é arrecadar dinheiro, do que agências do reino de Deus, cujo propósito deve ser pregar o evangelho da graça para salvação de almas. Este comércio acontece porque muitos crentes pensam que precisam aprender um novo método, ou estratégia, para se alcançar o favor de Deus, ou para se sentirem melhores, deixando de confiar na graça de Deus.

• Traria um retorno ao verdadeiro evangelho: O evangelho é a boa nova da salvação, mas esta boa nova tem sido trocada, em muitas igrejas, por outros evangelhos: o da prosperidade (aceite Jesus para ser próspero), o da saúde (aceite Jesus e seja curado) e o da auto-estima (você é tão importante que Jesus morreu por você). Na verdade, somos tão pecadores que Deus precisou enviar seu Filho para nos salvar; e isto, não porque mereçamos, mas porque Deus é amor. Isto é a graça de Deus. E isto já é o bastante para nos constranger a servi-lo e adorá-lo pelo resto de nossas vidas, sem nenhum interesse, ou segundas intenções.

SOLA FIDE

O quarto “sola” reafirma que a justificação nos é concedida pela graça, mas somente por intermédio da fé em Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus.

Ao retornarmos para o “só a fé”, negamos que a justificação se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que reivindique ser igreja, mas negue ou condene o “sola fide” possa ser reconhecida como igreja legítima.

O retorno a fé em Cristo como suficiente para nossa justificação e relacionamento com Deus ocasionaria:

• O fim do misticismo na Igreja: Quanto misticismo no meio evangélico! Quantas pessoas botando um copo d’água em cima do rádio, ou da televisão, achando que é preciso beber daquela água para receber milagres de Deus. Quantas pessoas que crêem numa rosa ungida, num lenço ungido, num tapete de sal, em coisas que brotam do misticismo e não das Escrituras Sagradas. Nós estamos vendo muitos evangélicos prisioneiros do mesmo misticismo pagão contra o qual Lutero protestou.

• O fim de práticas desnecessárias para justificação: A mensagem do evangelho de Cristo é clara: arrependimento e fé. Mas, atualmente, práticas oriundas da psicologia e do esoterismo estão substituindo a simplicidade do evangelho. Em algumas igrejas os novos convertidos precisam preencher longas listas de pecados cometidos no decorrer de toda sua vida, a fim de renunciar um por um; do contrário, não se pode afirmar que foram perdoados. Ainda se faz pior: os neófitos são submetidos a uma seção de regressão, a fim de se relembrar traumas e pecados do passado, que serão também renunciados. Em outras igrejas, os novos crentes precisam passar por uma seção de “descarrego”, ou de libertação, na qual demônios são chamados pelo nome, para que se manifestem e sejam expulsos, antes que o crente passe pelo batismo. De onde se aprendeu isto? Certamente não foi da Bíblia, que nos ensina o arrependimento e fé como únicas e suficientes condições para sermos salvos, batizados e inseridos no reino de Deus.

• Uma pregação e ensino mais sólidos: Uma vez que se eliminaram os substitutos da fé, a genuína fé precisa ser gerada e edificada nos crentes. Isto só é possível mediante a pregação e o ensino teologicamente corretos da Palavra de Deus. Os pregadores e professores perceberão que precisam dedicar-se mais ao conhecimento das Escrituras e a oração, a fim de pregarem e ensinarem a verdade com a unção de Deus.

SOLI DEO GLORIA

O “só a Deus glória” reafirma que a salvação é obra de Deus, e que por isso devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória somente.

Ao darmos glória somente a Deus, negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos a vontade de Deus em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a auto-estima e a auto-realização se tornem opções alternativas ao evangelho.

O retorno a devida glorificação da qual somente Deus é digno acarretaria:

• A eliminação do entretenimento em nossos cultos: Apresentações que façam do altar um palco, dos membros espectadores, dos pastores animadores de auditório, não glorificam a Deus, ainda que se use a justificativa de que é feito para Jesus. Não glorificam pelo simples fato de que o Senhor nunca nos orientou realizar tais coisas para cultuá-lo.

• O fim da era das “estrelas gospel”: Nós estamos vivendo hoje, na realidade evangélica brasileira, algo inédito na história da Igreja: o culto à personalidade. Estamos vendo hoje situações em que pregadores e cantores são tratados como verdadeiros astros de cinema, cobrando cachês para participarem de cultos. Muitos crentes, ao alimentarem esta prática, estão cometendo o pecado da tietagem evangélica. Isto precisa acabar!

• O culto sendo somente para Deus: É comum ouvirmos crentes dizendo se gostaram ou não do culto. Isto ocorre porque o humanismo egoísta de nossa sociedade tem influenciado a Igreja. Existe um conceito não declarado de que o culto tem que agradar ao homem, quando na realidade o culto deve ser dirigido a Deus e somente para glória de Deus.

Como se vê, não necessitamos de “novos Luteros” e de “novas teses”. Não precisamos de uma nova reforma. Precisamos apenas, e urgentemente, de um simples retorno.

fontePor Alan Capriles



Obs : Tenho porém contra ti que Deixaste o primeiro amor, lembra te de onde caíste, e arrepende-te, pratique as primeiras obras, quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do teu lugar o castiçal, se não te arrependeres...Apc 2:2-6"...