1 de julho de 2016

Religião X Evangelho




A religião muda rotinas.
O Evangelho muda pessoas...
Na religião, a Verdade é uma ideologia.
No Evangelho, a Verdade é uma pessoa...
A religião se propõe a ocupar prédios.
O Evangelho se dispõe a ocupar mentes...
A religião propõe que você experimente o melhor desta terra.
O Evangelho propõe que você experimente o melhor de Deus...
A religião lhe propõe fazer o sinal da Cruz
O Evangelho lhe ensina a fazer da Cruz um sinal...
A religião visa multiplicar gente
O Evangelho visa multiplicar mentes
A religião molda as pessoas.
O Evangelho muda as pessoas...
A religião consegue transformar pessoas boas em más.
O Evangelho é capaz de transformar pessoas más em boas...
A religião idealiza
O Evangelho realiza...
A religião se ocupa em edificar impérios.
O Evangelho se compromete a edificar pessoas...
A religião anestesia o pensamento.
O Evangelho reconstrói a consciência...
A religião desafia você a ler as Escrituras.
O Evangelho instiga você a encarná-las...
Na religião, a confissão é uma liturgia do culto.
No Evangelho, a confissão é uma liturgia da vida...
Na Religião: “Sem dízimos, nada podeis fazer.
No Evangelho: "Sem Mim, nada podeis fazer"
Na religião, arrependimento é um pesar por aquilo que eu faço.
No Evangelho, é a geração da consciência sobre quem eu sou...
A religião põe a bíblia em suas mãos.
O Evangelho a põe em seu coração...
A religião propõe uma Reforma.
O Evangelho, uma nova forma...
Na religião há muitos culpados e muita culpa.
No Evangelho há muitos culpados e nenhuma culpa...
A religião raciocina com a categoria do "todos por Um".
O Evangelho, com a factualidade do "Um por todos"...
A religião considera sacrifícios que geram autojustiça
O Evangelho anuncia um único sacrifício que justifica a muitos.
A Religião muda à forma.
O Evangelho muda a fôrma...
Vem e segue-me, propõe o Evangelho.
Vem e senta-te, propõe a religião...
O Evangelho lhe desafia a seguir a Jesus.
A Religião lhe propõe seguir-se a si mesmo...
A religião nos leva a buscar coisas.
O Evangelho nos desafia a abraças causas...
A Religião mata para impor sua salvação,
O Evangelho anuncia a salvação por meio da morte daquele que veio salvar.
O Evangelho: "Negue a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me".
A Religião: "Negue a sua cruz, tome a si mesmo e siga"...

Por: Carlos Moreira

30 de junho de 2016

O pecado de se pretender justo


“Não sejas demasiadamente justo”
Eclesiastes 7.16

Ao que o Eclesiastes se refere? Quais os seus motivos para aconselhar assim? Ele contradiz o senso comum religioso e merece atenção. As conotações de um breve versículo são diversas.

Não se exceda em justiça. O inferno do legalista queima em fogo lento. De boca tesa, o santarrão caleja os nervos; vara anos sem rir. Ele apaga as luzes ao seu derredor para o mundo permanecer soturno. Para o piegas os critérios da lei serão inclementes na pele dos outros e passíveis de interpretação quando exigem que ele fure um olho ou ampute uma perna. Na Bíblia, o fariseu exibe sua demagogia numa esquina e o pecador, alvo da misericórdia é acolhido por Deus. Na história, Jean Valjean ilumina a vida e Javert morre no abismo devido à justiça implacável e inegociável que lhe mobilizou.

Não se pretenda perfeito. A casa do puro, caiada de branco, lembra os sepulcros – sem mancha no exterior e podre por dentro. Sem nunca suar, o perfeito se escandaliza com as inadequações alheias; sempre voluntarioso para erguer um cadafalso para quem tem qualquer defeito que lembre os seus, esquece que a misericórdia não chega aos que vivem impiedosamente. O argueiro no olho do outro o importuna mais que a trave no seu.

Não se veja irrepreensível. O caminho do imaculado se alonga em veredas de solidão. Encerrado em seu casticismo, o puro teme se contaminar com o próximo. Qualquer amizade o intimida. O saltimbanco que brinca à luz do dia, o tortura. O prazer o esmaga.  Qualquer desejo o empurra para a culpa.

Não se considere abnegado demais. A vida do altamente comedido o faz inodoro, insosso, incombustível. Revoltado com os que se arriscam, ele não tolera erros. Intransigente, apedreja os que tombam tentando. Onipotente quanto à sua moderação, menospreza o coxo que se supera, o vacilante que se expõe e o inseguro que ousa.

Não se arvore de ser correto.  O convívio com o lúcido, que se vê portador da verdade, é chato. Julgando-se guardião do absoluto, o correto se assume mensageiro exclusivo do divino e conquistador da ignorância universal. Ele vive convicto de ter o manejo do ruah (espírito) divino. Dogmático, projeta sombra sobre a beleza da poesia, já que as verdades devem ser organizadas como uma marcha militar.

Não se coloque como exato. O mundo do beato se alicerça na aparência. Ele precisa de máscara, fantasia, cera, qualquer coisa para encobrir concavidades na alma, agudezas no espírito e asperezas no coração. Agachado por detrás de conceitos decorados, prefere contraprovar um argumento a ter que encarar a subjetividade no seu interior.

Prefira ser humano, demasiadamente humano. Só os fortes se sabem frágeis e só os mansos, os que optam pela não-violência, herdarão o porvir. Os imperfeitos, não os probos santos, provam o doce mel da graça. Os defeituosos, vazios de se pretenderem divinos, serão elogiados por Deus. Só no desprezo ao poder se encontra a vida.

Ricardo Gondim


27 de julho de 2013

Inquisições teológicas "Briga de Galos"

Quando leio determinados textos em blogs que se definem como “apologéticos”, onde adeptos de uma linha teológica se dedicam a atacar quem não concorda com eles, sempre me vem à cabeça, um texto de Rubem Alves, do qual posto um trecho abaixo:
Há teólogos que se parecem com o galo. Acham que, se não cantarem direito, o sol não nasce: como se Deus fosse afetado por suas palavras. E até estabelecem inquisições para perseguir galos de canto diferente e condenam outros a fechar o bico, sob pena de excomunhões. Claro que fazem isto por se levarem muito a sério e por pensarem que Deus muda de ideia ou muda de ser ao sabor das coisas que nós pensamos e dizemos. O que é, para mim, a manifestação máxima de loucura, delírio maníaco levado ao extremo, este de atribuir onipotência às palavras que dizemos.
Para colocar esses galos nos seus devidos lugares, Rubem Alves completa:
O sol nasce sempre, do mesmo jeito, com galo ou sem galo. Assim, o galo pode dormir à noite, sem a angústia de ter de acordar na hora certa. Se dormir demais, o sol vai se levantar do mesmo jeito. O que, sem dúvida, diminui seu senso de importância, mas tem a compensação do sono tranqüilo, o que não é de se desprezar.
Eu não suportaria pensar que o meu pensamento é tão poderoso que, caso eu pense errado, Deus vai ficar torto.
É isso. Deus não entorta nem desentorta por causa do pensamento nem da teologia, vai continuar sendo Deus. E ninguém vai parar no inferno pelo delito de, do alto da sua humanidade e limitações com ela condizentes, entender Deus apenas em parte. Apenas a religião tem necessidade de formatar o pensamento e as opiniões das pessoas , Deus não precisa disso.
Teologia é construção humana, e como tal, obviamente, é também pessoal. Pessoas diferentes, com níveis intelectuais diferentes, idades diferentes, formação diferente, origem diferente, preconceitos diferentes, experiências diferentes e etc, podem interpretar uma mesma frase a respeito de Deus, de várias formas diferentes. Deus é absoluto mas nós, humanos, somos todos relativos. A dificuldade em aceitar as relatividades do pensamento humano, como coisas absolutamente naturais, inclusive quando se trata de Deus, gera brigas vergonhosas entre os cristãos. Deus quer corações, quer pessoas sinceras que O busquem, e nem sempre a posse ou crença na mais perfeita ortodoxia, calvinista dos cinco pontos, implica em estar buscando Deus em espírito, verdade, de todo o coração, alma, entendimento.
Querer fazer com que todos pensem igual, concordem com você em tudo, dancem do mesmo jeito, toquem a mesma música no mesmo tom, também é uma forma de escravidão, um tipo de neurose. O zelo pela “sã doutrina”, muitas vezes não passa de necessidade de ter controle sobre as pessoas, ou medo de perder o controle que já exerce sobre elas, e isso em alguns casos, atinge níveis de doença, de patologia. Necessidade de uniformizar o que devia ser estritamente pessoal, porque assim, é mais fácil de manter as estruturas e instituições. Qualquer sistema político ou militar ou seja lá de qual ideologia for, sabe disso, inclusive os sistemas religiosos. Manter um discurso igual, é essencial para a coesão de qualquer grupo ideológico. Mas, ironicamente, o acesso de todos à bíblia, que os reformadores garantiram aos cristãos, fez com que essa “coisa” que chamamos cristianismo, cada vez fosse se pulverizando mais, porque não existe leitura livre da bíblia, sem a correspondente livre interpretação. E livre interpretação, tanto para o bem quanto para o mal. Tanto para distribuir o perdão e amor de Deus às pessoas, e incentivá-las ao amor ao próximo, quanto para tirar dinheiro delas de forma inescrupulosa e ensiná-las a barganhar com Deus. Tanto para falar de um Reino que é justiça e paz e que se constrói pelo amor e não pela força ou poder, quanto para legitimar guerra, imperialismo, pena de morte e escravidão.
A única consciência que você deve controlar, é a sua própria, a dos outros, você pode no máximo, influenciar. O que passar disso, qualquer tentativa de exercer controle sobre a consciência ou o pensamento alheios, já é violação da liberdade do outro, liberdade de pensar como quiser, e escolher entre encher pregadores da prosperidade de dinheiro, ou imitar Jesus. Escolher entre um Deus que é Pai, ou escolher um Deus carrasco. Escolher se relacionar com Deus porque Ele amou você primeiro, ou por coação, medo do inferno ou simplesmente esperando receber algum benefício material em troca, ou a herança do Pai rico, que na verdade você não ama e só quer a prosperidade que prometeu te dar… vai de cada um.
Eu, da minha parte, durmo tranquila como o galo do Rubem Alves, porque se essa noite o meu cérebro torto sonhar que Deus não é Deus, mas sim o Monstro Espaguete Voador com almôndegas, Deus não vai amanhecer embebido em molho bolonhesa, e exigindo sacrifícios em forma de queijo parmesão ralado.




Nada de Novo sobre o Sol

O deus imaginário e o Deus de Jesus

Uma coisa deve ser dita: Fica proibido confundir Deus com sua representação. Dito isto podemos analisar as fontes do deus-imaginário.
Chamo de deus-imaginário o produto subseqüente da consciência infantil que pensa de certo modo que tudo é ela e ela é tudo. E essa aspiração à totalidade permanece como uma estrutura básica do ser humano, e o desejo religioso de um Todo Transcendente não escapa a esse movimento.
Os primeiros símbolos para a criança desse desejo são os pais, e o deus-imaginário adquire forma e configuração a partir deles. É no pai, segundo as análises freudianas que a criança projeta a onipotência, aquela que no princípio estava atribuída a ela mesma. O pai aparece, então, como a própria realização da onisciência, da onipotência e da onibenevolência. Porém com essa imagem perdida, o deus-imaginário, por meio da figura perdida do pai, toma nome, forma e figura.
O Deus de Jesus ao contrário do deus-imaginário nos convida para o enfrentamento da realidade. Ele não é um aliado dos nossos próprios desejos e interesses, e nem escamoteia as dificuldades e complexidades da vida humana. O Deus que se manifesta em Jesus não é certamente o que desejamos.
O deus-imaginário é um deus mágico que serve para levar o indivíduo a superar de maneira mágica a dureza da vida. É um deus explica - tudo possuindo uma resposta para cada problema ou incógnita da existência. É um deus das ameaças e castigos, principalmente na área da sexualidade. É um deus que enfim nega toda experiência real de dor e entre elas a própria morte.
O Deus de Jesus é aquele que nos remete de volta à realidade com toda a dureza que esta possui, e não nos solucionam os problemas, mas nos dinamiza para que trabalhemos na tentativa da solução. Ele não está para explicar o sofrimento, mas para nos conduzir a fé, reduzindo todo tipo de ambivalência. Ele nos faz perceber que a vida humana é uma maravilha mesmo quando surpreendida pela dor, pela pergunta sem resposta e pela própria morte.
O deus-imaginário é visto como onipotente, mas o Deus de Jesus é nos apresentado como um Ser enfraquecido pelo amor, podendo ser rejeitado. Esse Deus não cabia na mente do judeu que esperava sinais e nem de gregos que esperavam saberes absolutos, um Deus revelado no crucificado era escândalo e loucura.
O Deus de Jesus nada faz para ser amado ou adorado, temido ou reverenciado. Sua ação em favor dos homens não é uma expressão de seu poder, mas de seu amor gratuito. Sim! O Deus de Jesus é um Deus de amor, que não anula as diferenças e nem nos retira dos conflitos da realidade, antes é um amor que pelo exemplo nos estimula a decisão pela fraqueza. Amor que se põe do lado do fraco, oprimido e marginalizado, se opondo a todo sistema de opressão, ódio e marginalização.
O Deus de Jesus não é um poder absoluto que se impõe sobre os homens, mas primordialmente um Ser relacional que uma vez crido e experimentado pelos homens nos conduzirá ao fim do mundo que é o começo do Reino.
Ivo Fernandes

14 de dezembro de 2012

O Tédio e o pau de ferro


Morro de tédio de gente que segue à risca as convenções sociais. Que se casa porque está velho demais pra ser solteiro (ham???), que engravida porque está “na hora” de ter um filho, que não se separa nem depois que o casamento acaba. Sabe qual o resultado disso? Outras pessoas (que espertamente não caíram nessas convenções sociais) ganham rios de dinheiro vendendo livros e cursos de “como apimentar sua relação”. A maioria, claro, ensina mulheres a dançar num pau de ferro no meio da sala ou fazer strip-tease com cinta-liga vermelha. De verdade?! Acho pouco provável que isso vá apimentar alguma coisa depois que o relacionamento foi pro ralo. Fora dizer que é um tanto quanto clichê.

Por que ninguém monta um curso para homens de “como apimentar sua vida amorosa ouvindo o que sua mulher tem pra dizer”? Ou “como segurar seu casamento dizendo a verdade”? Ou “como não cantar sua vizinha no elevador se você já tem um relacionamento”? Ou ainda “Como se divorciar dignamente sem pular a cerca”? Sabe por que? Por que isso são valores. Sua postura diante da vida e dos fatos que te cercam. E valores não são ensinados em livros, muito menos em cursos.

Até entendo que, depois de anos de relacionamento com a mesma pessoa, qualquer mulher que não seja a sua se torne candidata à mais interessante da vez. A vizinha gostosa só é vista no elevador toda linda saindo pra balada. A colega de trabalho tem sempre um assunto que te interessa e nunca vai parecer fútil. As amigas são sempre bem humoradas, não têm ciúme, não pegam no seu pé e ainda têm o maior prazer em te apresentar as amigas gatas. Olhando por essa perspectiva, qualquer namorada parece uma bruxa mesmo. Difícil de competir.

Manter um relacionamento por longos anos requer um certo jogo de cintura (e não estou falando da dança do pau de ferro, nem da cinta-liga). É um exercício diário de tolerância. Respeito. Admiração. Confiança. Companheirismo. Cumplicidade. Pensa que acabou? Ainda nem citei: o amor, a amizade, o carinho e outros tantos alicerces de um relacionamento que ainda não encontramos em livro ou curso de final de semana. Não é simples. Não tem um manual ou um curso rápido itinerante (daqueles que a “mestra” viaja pelas cidades ministrando palestras pra “salvar” casamentos). E não se trata apenas de manter o cidadão interessado no seu corpo. Esse cidadão inevitavelmente vai olhar pra vizinha, mais cedo ou mais tarde, achando ela mais interessante que a mulher que ele tem. A princípio, nada de errado em achar a vizinha gostosa. O grande lance é: o que ele vai fazer com isso? Ele pode cantar a cidadã. Pode pegar o telefone dela. Pode trocar MSN e manter conversas durante o trabalho. Pode dizer que é solteiro. Pode uma série de coisas. Isso não tem a ver com lingerie ou curso de sedução. Tem a ver com valores. Com a índole do cidadão. Com berço. Com as coisas nas quais ele acredita. Assustada? Jura mesmo que nunca tinha pensado nisso? Sinto informar, mas o curso de sedução é válido pra uma noite caliente, não pra uma vida. Pra viver junto e manter um relacionamento sólido é preciso muito mais do que uma lingerie nova. É preciso que ambos tenham valores e princípios muito claros. É preciso que os dois estejam juntos por essa série de sentimentos e não apenas por uma convenção social. É preciso aprender que a grama do vizinho uma hora vai parecer mais verde sim. Mas que existem diversas formas de se lidar com uma situação. E é isso que vai fazer toda diferença no final.

Por: Brena Braz

26 de outubro de 2012

Que me Venha a Tristeza Então!



A tristeza é melhor do que o riso, porque o rosto triste melhora o coração”. Ec. 7:3.

Nós vivemos na sociedade da fuga. Foge-se de tudo e, não raro, de todos. As pessoas fogem da realidade, vivem entorpecidas por psicotrópicos, não suportam o mundo como ele se apresenta. Em recente reportagem da Folha de São Paulo, constatou-se que o ansiolítico Rivotril vende mais no Brasil do que Paracetamol e Hipoglós.

Pessoas em fuga... Elas fogem de situações difíceis, inventam uma “mentirinha branca”, aquela que não trás prejuízos... Foge-se do gerente do banco, pois a conta está estourada, foge-se do síndico do prédio, pois o condomínio está atrasado, foge-se do cliente, pois a entrega está fora do prazo acordado, foge-se dos filhos, pois eles demandam tempo, e tempo é algo que nós não temos...

Há os que fogem do confronto, são eternas crianças, tem medo da palavra mais firme, do olho-no-olho, da verdade nua e crua. Evitam a todo custo uma conversa sincera, por isso, criam desculpas esfarrapadas, marcam e não comparecem, prometem e não cumprem, têm medo do enfrentamento porque sabem que agiram erradamente, preferem o jogo de esconde-esconde, arrastam a situação por anos, se possível for. Já afirmava Charles Ferdinand Ramuz "Não basta fugir, é necessário fugir-se para o lado mais conveniente."

Há os que fogem de si mesmos... Tentam esconder o ser do próprio ser, enterram seus sentimentos nos escaninhos da alma, aprisionam suas consciências em masmorras de dor e solidão. Essa é, talvez, a pior das fugas! Friedrich Hebbel afirmou: "A vida da maioria das criaturas humanas é uma fuga para fora de si próprias.". Que agonia é existir apenas para fora, no simulacro, no disfarce, no embuste, é a existência performática, é a vida caricaturada, ou como disse Kierkegaard, “o grande baile de máscaras”. 

Tenho visto algo alarmante: pessoas fugindo de qualquer tipo de situação incômoda ou de desprazer. É a existência idealizada sobre a égide do hedonismo epicureu, é a busca pelo prazer, pela alegria e felicidade, tudo o mais deve ser evitado. Hospitais, funerais, doentes terminais, estações outonais, as pessoas não querem nada que as remeta as dinâmicas pertencentes à existência: a dor, a perda, o sofrimento, a solidão, a angústia, o medo. E haja Rivotril!   

Quero chamá-lo a realidade da vida! O sábio do Eclesiastes afirma que é melhor o enfrentamento com a tristeza do que a fuga dela. É a tristeza, e não o riso, que produz um ser mais “robusto”, uma espiritualidade sustentável, uma fé conseqüente. É girando o moinho da dor que as pessoas se transformam em gente, aprendem a solidarizar-se, a perceber o outro, tornam-se generosas, humildes, contritas e mansas. Somos todos seres singulares, mas bem poetizou o Frejat na sua canção “todo mundo é parecido quando sente dor”.

Não fuja da tristeza, ela pode lhe ser de grande valia na vida! É por isso que o apóstolo Paulo dizia que “regozijava-se nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições e angústias”, pois sabia que estes matizes da vida eram capazes de transformar suas fragilidades em fortalezas.   Nas Escrituras, está bem claro que Deus usa o mal para testar os seus servos (Jó; 1 Pe 1.7; Tg 1.3), para discipliná-los (Hb 1.7-11), para preservar suas vidas (Gn 50.20), para ensiná-los paciência e perseverança (Tg 1.3-4), para redirecionar suas atenções ao que é mais importante (Sl 37), para capacitá-los a confortar outros (2 Co 1.3-7), para capacitá-los a trazer testemunho poderoso da verdade (At 7), para dá-los maior alegria quando o sofrimento é substituído pela glória (1 Pe 4.13), para julgar o ímpio, tanto na história (Dt 28.15-68) quanto na vida porvir (Mt 27.41-46), para trazer recompensa a crentes perseguidos (Mt 5.10-12), e para demonstrar a obra de Deus (Jo 9.3; cf. Ex 9.16; Rm 9.17)
  
Não tenho dúvidas de que Deus se utilizará mais da tristeza do que da alegria para forjar em nós um ser melhor, pois este é o convite para os que desejam caminhar no caminho: “tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus. Hb. 12:2.   Vide também a vida de José e de jó, Quando todos acharam que eles estavam sendo castigados, falidos, eles estavam sendo promovidos. A lógica de Deus constrange a lucidez humana. O amor às vezes tira o que você mais quer pra te devolver a vida (Pv 3:11-12). Uma crise com Cristo é na verdade um "Upgrade"!

Que me venha, então, a tristeza, pois eu sei, conforme o salmista, que os que “semeiam com lágrimas, com alegria ceifarão”. Quem na vida sai andando e chorando enquanto semeia, quem entendeu que lágrimas são sementes que germinam a felicidade, e que a terra regada com o sofrimento é capaz de produzir frutos de justiça, jamais deixará que qualquer tipo de dor passe em sua vida sem que ela produza paz e bem para o ser.

 
  


2 de setembro de 2011

Ser bonzinho

Quando Jesus estava em uma de suas caminhadas foi abordado por um rapaz que ajoelhou-se e o chamou  de bom mestre, fez a pergunta fatídica e bem caxias sobre a vida eterna, e não poupou gestos nem palavras,  fez tudo tão certinho, que eu, no lugar de Jesus, teria dado nota 10 para ele no quesito performance santa.Veja lá no livro escrito por João Marcos 10:17,18.

Contudo, o elogio e a porta do céu aberta não aconteceram. Jesus o admoestou, o repreendeu, "pegou no pé" como diríamos mais informalmente.

Jesus queria saber o por que de chamá-lo de bom.

Em minhas divagações, pensei que esta abordagem de Jesus foi no ponto nevrálgico da essência daquele ser. Eu vejo Jesus fazendo isto o tempo todo nos evangelhos, e Ele com certeza faz nas minhas longas caminhadas na roda do hamister existencial. Estas abordagens "tapa na cara"  são minha cura.

Jesus mostra que Deus não é manipulado por projeção de homem (projeção conceito psicanalítico que, resumindo mal e porcamente, diz que jogamos para cima do outro o que na verdade só faz sentido para nós).

O rapaz pensou assim: Vejamos, eu sou todo certinho, todo limpinho, todo cumpridor de meus deveres religiosos, eu sou bom!Quiça o Bom! Claro que este Rabi irá me considerar dessa forma e estaremos no mesmo clubinho, na mesma facção, na mesma casta santa. Oh gloria!

A questão é que, com Deus a regra se subverte, e em inumeras vezes que tentamos ser muito bons ou bonzinhos estamos fazendo o esquema da "justiça própria" , da busca pela santidade através do  ascetismo rigoroso. Viramos mini fariseus tentando cumprir o impossível, jogando o sacrifício no lixo, com a maior da boa intensão, claro.

 Jesus diz ao rapaz: Só Deus é bom, meu filhinho se liga, não vai rolar! O que você considera bom é trapinho.

Mano, não dá para ser bonzinho 24 hs por dia, não se engane. A pior mentira é aquela que contamos para nós mesmos. Uma hora nosso lado B será revelado, ele vem a tona fatalmente, e quem dera Jesus diga para você e para mim, "Queridão, seu negocio é grana (entenda aqui qualquer tipo apego, como por exemplo religião, regras vazias de sentido, hedonismos e por ai vai) , seu coração não está comigo, sua boca fala de devoção mas seu coração quer outra coisa."

Ele jogará luz em nossa vingança dissimulada, em nossa raiva camuflada de boas ações aos inimigos, em nossa  agressividade passiva, em nossa manipulação venenosa, em nosso jeitinho todo bondoso que abaixa a guarda do outro de forma que o ataquemos com mais assertividade, em nosso ensimesmamento umbigal que nos faz considerar que somos o centro da terra, enfim Ele nos mostra quem realmente somos, então teremos a convicção que nada podemos fazer e que devemos apenas nos submeter e se entregar sem condicionamentos religiosos, a aquele que é realmente Bom.

Faz algum sentido para você?



Porque A medida que crescemos tende a crescer em nos a necessidade de aprovação. Desnecessário descrever aqui o que precisamos fazer desde uma tenra idade para que sejamos socialmente bunitinhoscoisalindadamãe.
Temos que nos enquadrar, nos encaixar e nos alinhar a padrões, é fato inexorável para humanos e primatas. Sim os amiguinhos da selva, e dos zoológicos, com os quais compartilhamos mais de 90% do genoma, também se esforçam para serem queridinhos.
Ser bonzinho facilita em muito esta empreitada egoíca.
Em algum momento da vida escolhemos uma expressão de  religiosidade ou somos escolhidos pela força de uma. Mesmo o ateu se expressa a respeito.
O estilo bonzinho  pode então se tornar uma doença do ser.
A doença do fariseu, a doença do religioso de qualquer vertente que decide tomar pela mãos as rédeas do ser e estar no mundo.
A recompensa imediata para o bonzinho é o ambiente acolhedor livre de animosidades, sem resistências e repleto de adulações. É praticamente a volta para útero materno!!
Esta ambiência mantém o bonzinho sentado em berço esplêndido, na inercia, contemplando e avaliando como é gostosinho não ser confrontado em nenhum momento crucial da vida. Oh Glória!
Nicodemos era bom, vamos combinar. Leia lá em João, filho do trovão cap 3.
Como todo bonzinho, ele não tinha peito para encarar uma briga, portanto foi procurar furtivamente o famoso Jesus, a noite.
Eu imagino Nicodemos disfarçado com aquela mascara de óculos, nariz grande e bigode falso.
Ele era mestre da lei, figura respeitada, generoso, popular, membro do Sinédrio o que já lhe conferia  a alcunha de bonzão. Tinha conhecimento, tinha boas obras, boas intenções mas tudo isso não bastava!
E isto não digo eu, até porque calada já estou errada. É vaticínio de Jesus!
Nascer de novo é necessário e pouco podemos fazer  durante o processo.  Jogar-se no colo do Pai, feito criancinha nua, indefesa que não tem para onde ir, é o enredo. Nasce em nós como em Maria a eternidade de Paz. A desconstrução egoíca acontece, aniquila-se os maneirismos e toda e qualquer barganha com Deus e com os homens deixa de fazer sentido.
Com certeza este é o ápice do existência humana, nenhum primata tem este privilégio. Podemos colocar no macaco um paletó ou saia até o chão e treiná-lo para que nunca  mais tome vinho ou fume um caximbo, podemos ensiná-lo a ter jeito de religioso e fazer um carteirnha de membro com foto e tudo, porém jamais ele renascerá.

Entende tu o que Ele diz?


Ficar indefeso dói, contudo ser moldado pelo Oleiro  é algo que nos faz renascer e isto vale para todos, sejam evangélicos, protestantes, católicos, budistas, ateus, atoas e aos etc.


Vale para mim, garanto.





Por: Adriana em : A razão da Esperança !               A razão da esperança

19 de setembro de 2010

Ouvistes o que foi dito



Ouvistes o que foi dito: “irás ao culto às quartas, sábados e domingos”, eu porém vos digo: faça de sua vida um culto a Deus, que sua rotina seja cheia de gentilezas, que sua boca pronuncie sempre a verdade doa a quem doer, que seus olhos olhem a vida com justiça e não vejam só as aparências, que seus pés pisem em todos os lugares abençoando a todos os ambientes dissipando as trevas por onde andares, que a graça em você vaze a ponto de expurgar espíritos de contendas e disputas vãs, de maledicências e de invejas, que sua palavra se alinhe a vontade de Deus para temperar a vida em volta de ti.

Ouvistes o que foi dito: “os crentes são filhos de Deus, os descrentes são filhos do diabo”, eu porém vos digo: não vos orgulheis por aquilo que de graça lhes foi dado, abençoai a todos, não sereis orgulhosos da posição de bem aventurança recebida de graça, nem lançareis ninguém no inferno, mas orai para que todos os que ainda não alcançaram estado de filhos, sejam agraciados com novo espírito dando-lhes vida para que vejam e ouvidos para que ouçam o que o Espírito diz a TODOS no mundo inteiro.

Ouvistes o que foi dito: “precisamos ir no monte orar, precisamos de jejum e oração”, eu porém vos digo: Deus é Espírito e importa que Seus adoradores o adorem em espírito e em verdade, seja no monte, seja no fundo do mar, seja no ventre do grande peixe, seja no mais profundo abismo ou na geografia que for. O jejum que o Pai aceita é aquele da inanição da iniqüidade, da ausência do mau, da desistência do orgulho por nossas boas obras, das muitas justificativas vãs que damos em nossas orações que transformam Deus num idiota cósmico e tenta ludibriá-Lo para fazer a nossa vontade assim na Terra como nos Céus.

Ouvistes o que foi dito: “está escrito na Palavra de Deus”, eu porém vos digo: não façais das Palavras de meu Pai poesia vã, tola e impraticável, mas vive-a sabendo que a pouca obediência a Sua Palavra é mais importante que o muito conhecimento que despreza Sua revelação a tratando como romance, como novela, como ficção ou como sonho de tolos.

Ouviste o que foi dito: “vamos ter Santa Ceia domingo, preciso ficar atento esta semana”, eu porém vos digo: viva de modo a se auto-examinar diariamente, corrigindo sua vida interior, seus pensamentos, seus desejos, mude seus paradigmas se alinhando dia a dia a vontade de Deus revelada na Palavra.

Ouviste o que foi dito: “não acusarás, ou julgarás, ou se levantará contra o ungido do Senhor”, eu porém vos digo: se o sujeito, pastor, bispo, apóstolo ou arcanjo, não se alinhar a Palavra revelada, seja anátema! Se não houver bondade, graça e misericórdia em suas palavras, seja anátema! Se falar em nome de Deus e viver em nome dos bens, seja anátema!

Usai de misericórdia para com todos, levai as cargas uns dos outros, não vos priveis do amor, da bondade, da ajuda, do socorro, da solidariedade, das orações, da comunhão constante, da humildade, da edificação mútua, da paz, da esperança...

Sabei que o mesmo Deus que te mantém vivo é aquele que mantém a TODOS igualmente com vida, não faz acepção de pessoas e não separa grupos em pessoas dEle e do diabo, visto que o diabo nada tem e que tudo e todos são dEle.

Glória a Deus!

17 de setembro de 2010

Aos crentes mágicos...



Uma das coisas que sempre me impressionaram na natureza humana é a nossa capacidade de criar qualquer realidade que desejemos; e, a seguir, projetá-la em alguém, em alguma coisa, em algum lugar ou individuo; ou ainda sobre uma instituição, seja ela de qual natureza for... — para, então, entregarmo-nos à fantasia... como se aquilo fosse a coisa mais real e genuína possível; até que depois de um tempo..., ao verificar que espinheiros não dão uva, saímos chorando, chocados, lamuriando contra Deus e a existência, sentido-nos enganados; e tudo porque espinheiros dão espinhos e videiras dão uva, embora nós tenhamos teimado em plantar uma natureza e esperando ceifar a outra...
Assim, relembrando que espinheiros não dão uvas, digo:
Toda mentira adoece o mentiroso, e inicia nele uma doença na mente; a doença da fantasia armada e destrutiva; além de que faz dele um ser mau caráter, pois, toda falsificação da realidade é a própria criação do diabo no interior do inventor, do mentiroso...
Não existe boa traição. Toda traição é traição, ainda que seja do policial ao bandido; e a sua conseqüência é que todo traidor fica pior do que qualquer traído, por pior que ele seja; e mais: quanto melhor for o traído, pior ficará o traidor...
Não existe pai e mãe que mereçam ser desonrados. Quem desonra pai e mãe deflagra o mecanismo de autodestruição no ser... Por isto ele não será longevo na alma...
Não existe o lúcido adorador de ídolos... Quem adora a um ídolo fica sempre menor do que ele, até que nele se dissolva...
Ninguém cuja profissão existencial seja perseguir acabará a vida doce...
Quem dissimula com habilidade se torna o diabo de si mesmo para sempre...
Quem dá falso testemunho cria para si mesmo aquilo que falsamente testemunhou...
Todo aquele que julga e decide o destino de alguém, cria para si mesmo o padrão pelo qual Deus o julgará...
Quem entrega os tesouros de sua alma a alguém que não seja confiável, será devorado pelo suíno que receber tais preciosidades como dádivas de um insensato...
Quem não serve copos de água ao sedento jamais beberá da fonte da água da vida...
Quem nada dá a ninguém, esse nunca terá o que seja Graça de Deus...
Quem ama a morte é filho do inferno...
Quem odeia é sócio do diabo na destruição da vida; e com ele compartilhará o mesmo destino...
Quem trama o mal ficará louco e paranóico, e morrerá de suas próprias armadilhas...
Todo aquele que inveja se torna o mais feio dos homens...
O arrogante é o coveiro de sua própria sepultura...
O sedutor vira lesma gosmenta na alma... E ele mesmo morrerá sem se suportar...
Todo aquele que vive para esconder um dia não mais saberá o caminho de volta de seu próprio labirinto de enganos e ocultamentos...
Assim é a vida...
E não há oração, unção, mágica ou poder algum que possam mudar a natureza de tais coisas!
Bem-aventurado o que crê na verdade da realidade e na realidade da verdade!
O que passar disso..., é tentativa de fazer mágica na existência!...
Nele, que nunca nos mandou praticar mágica, pois Ele não acredita em mágica.



* "E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra."

(2 Crônicas 7:14)

As coisas fantásticas, são as mais simples.



PARA QUEM GOSTA DO QUE É SIMPLES!

Não se preocupe com Deus. Ele cuida de Si mesmo. Ele se defende. Ele é maior de idade.
Não se angustie por Deus. Ele não se transtorna e nem se abala.
Não defenda Deus. Se Ele não defender a Si mesmo, por que haverá você de fazê-lo? Você tem melhores argumentos?
Não se aflija em fazer Deus compreensível. Isto não é possível. Ele revela a Si mesmo ou nada é discernido.
Fale de Deus como Ele fala de Si mesmo.
Fale de Jesus como Jesus falou de Si mesmo.
Fale do Evangelho como ele fala em si mesmo.
Nunca discurse Deus. É obra de artífice de ídolos de linguagem.
Nunca filosofe Deus. É a louca-loucura dos sábios, que é a maior insensatez para Deus.
Nunca doutrine sobre Deus. É melhor oferecer bula de remédio a um doente analfabeto.
Confie sempre na verdade. Ela é invencível.
Confie sempre no amor. Ele é de Deus; pois Deus é amor.
Confie sempre que a paz é a melhor arma e a melhor defesa.
Creia simples e tudo será maravilhoso.
Creia complexo e você jamais terá alegria.
Creia, apenas creia, e tudo passará a ser possível.

Mas, sobretudo, seja sincero com Deus e com você mesmo, pois, sem isso, nada acima é verdade.

Por:  Caio Fabio